Preciso de uma estação de trabalho provisória enquanto minha mesa está sendo ocupada.
Abro a porta de vidro e desvio do balde onde goteja água vinda da lâmpada.
O diretor em sua enorme cadeira e enormes fones de ouvido.
Sento-me na estação ao seu lado.
Um soluço quebra o silêncio. Minha cara de assustada provoca risos, tantos risos até que um deles vira um ruído de porco. Todos gritam: chama o porco!
Mais risos, o soluço continua.
Na confusão tento perguntar discretamente se o soluço era uma espécie de brincadeira. Minha pergunta se torna pública. A explicação: ele é uma pessoa que soluça! ... sempre
Mais risadas, ronroncadas, algumas ofensas, um chiiu outro cala a boca, a resposta: some! E a réplica: Desaparece!
Enfim a repetição:Chiiu, cala a boca, some, desaparece.
Uma vez, outra vez. Soluço. Ronroncada. Chama o porco. A lâmpada goteja.
Risos. Soluço. Chiiu, cala a boa, some e desaparece sendo entoado em coro. Risos.
E isso vai durante algumas horas.
Até uma exclamação nova. Chá?
Em um minuto a sala esvazia.
Surreal?
Não, é verdade. É Verbo!
